Uma baleia de bico arrojou viva na manhã de Sábado, 13 de Julho, na praia da Fuzeta, concelho de Olhão, tendo sido reflutuada (devolvida ao mar) por populares e Polícia Marítima de Olhão, havendo indicações que apresentava alguns ferimentos e por vezes natação alterada. Uma equipa de resgate composta por uma bióloga do projecto Life+ MarPro - Sociedade Portuguesa de Vida Selvagem e uma veterinária da RIAS - Aldeia, deslocaram-se numa lancha com a Polícia Marítima de Olhão na tentativa de monitorizar o animal na água após reflutuação, no entanto já não foi possível voltar a avistar o animal. Houve no entanto um alerta na tarde de Sábado por parte da Polícia Marítima de Tavira que indicava que o animal se encontrava a uma milha de costa na zona da Terra Estreita - Ilha de Tavira.
No dia seguinte pelas 7h (14 de Julho), a baleia de bico foi encontrada ainda com vida arrojada na praia de Sto António, no concelho de Vila Real de Santo António, vindo a falecer cerca de uma hora depois, antes de uma equipa de resgate chegar ao local. Este animal é um espécime macho de baleia de bico de True (Mesoplodon mirus), com 4,67 metros de comprimento e cerca de 800 Kg de peso. Esta espécie está na categoria: Informação insuficiente na IUCN e pertence ao Anexo II da CITES.
Este é o segundo arrojamento desta espécie em Portugal Continental desde que há registos, tendo sido o primeiro em Abril de 2011 na praia Maria Luísa-Albufeira, também de um animal muito fresco. São raros os arrojamentos de baleias de bico (género Mesoplodon) no nosso país, e os que foram registados (outras espécies) apresentaram sempre graus de decomposição muito avançada.
Uma necrópsia minuciosa foi realizada em Vila Real de Santo António, em local disponibilizado gentilmente pela autarquia onde uma equipa de biólogos pôde trabalhar detalhadamente. Em termos gerais, os resultados preliminares da necrópsia indicam doença como causa de morte. Foi encontrada uma carga parasitária elevada em vários órgãos e alterações macroscópicas no aparelho digestivo, pulmonar e no sistema nervoso central. O estômago estava praticamente vazio, o que indica que o animal não se alimentava já há algum tempo. Seguem para laboratório amostras recolhidas para avaliar quais o agentes promotores de doença que provocaram a morte deste animal.
Na sequência deste evento, a equipa do projecto Life+ MarPro e Sociedade Portuguesa de Vida Selvagem/ICNF, e em especial a Dr. Ana Marçalo, agradecem todo o apoio e colaboração prestada por todas as pessoas e entidades envolvidas, nomeadamente a Polícia Marítima (piquete de Olhão, Tavira e Vila Real de Santo António) durante as manobras de reflutuação, monitorização no mar e em terra, e acompanhamento no local do Sr. Comandante Ventura Borges do Porto de Vila Real de Santo António. Também agradecemos à autarquia de Vila Real de Santo António e Engenheira Vanda do Departamento do Ambiente pela prontidão e disponibilidade nas manobras de remoção, e à preciosa ajuda do senhor Mário Ramos.